terça-feira, 8 de outubro de 2013

Me traia com o seu sexo, mas não com a nossa música.

"Aí a gente se apaixona, mostra uma música, recebe outra, cria um repertório de canções que falam sobre nossa história de amor. Lindo, lindo, essa é uma das melhores coisas da vida. Mas aí a relação acaba e, tantas vezes, sobra sofrimento. E aquela vontade de morrer quando, por acaso, o shuffle toca a “nossa música”. (do blog: Don't touch my moleskine).

Acabei de ler esse trecho num post que falava sobre as playlists que fazemos durante a vida. Principalmente nos romances. Eu tenho a minha para cada história que vivi. Verões, invernos, dias alegres e tristes. Músicas do passado, do presente e por que não, futuro. Tenho até músicas guardadas que darei o play no instante do meu momento de glória! 

Duas que considero como tal são: Kings and Queens, da 30 Seconds to Mars e Bittersweet Symphony, do The Verve. São muito músicas que você coloca pra tocar quando sei lá, recebe a notícia que o emprego que sonhara é seu, ou ao colocar os pés num lugar que era um sonho conhecer, abre a porta da casa que com muito esforço conseguiu comprar ou simplesmente, realiza um sonho, seja ele qual for. 

Às vezes um simples abraço de reencontro merece uma dessas canções de glória. Um cinema com quem se ama, um almoço em família, a estrada acompanhada... 

Tem músicas que não consigo mais ouvir, ou porque me trazem tristezas das quais não quero lembrar ou porque ainda fazem parte de uma ferida que não cicatrizou. Ou ainda porque um dia as amei tanto que coloquei como despertador no celular. Nunca, jamais, coloque uma música que ama com a função de despertador. 

Confesso que tenho ciúmes das minhas canções preferidas. Só divido com quem amo e confio muito. Portanto, trato as músicas que me mostram com todo o carinho que gostaria que tratassem as que divido. Talvez isso seja uma pequena dor de cotovelo por não ser capaz de criar músicas, muito menos de cantar. Minha voz não permite essa arte. Não sou músico, ou musicista - mas amaria ser. 

Quando amamos, geralmente, dividimos momentos a dois embalados na mais bela trilha sonora. Só que se o romance acaba, a trilha sonora muda. Ou por favor, façamos isso! Eu realmente espero que, os ex casais, não usem as mesmas músicas com seus novos amores. Sejam criativos! Não traiam dessa maneira os momentos que aquela trilha sonora lhes proporcionou. Cada um é cada um. Cada momento, único.

Não vale a pena substituir uma música por pessoas, muito menos aquelas que só de tocar, te lembram alguém, a cara que ela fazia ao ouvi-la, o jeito que cantava ou dançava. Estão entalhadas à feição do indivíduo que fez parte dela. 

Não creio que exista história de amor sem trilha sonora. Isso serve para todas as histórias que vivemos durante a vida. A história de amor que construímos com os nossos pais, tios, primos, amigos e até lugares ou objetos.

Por isso fico muito brava quando adoro uma música, mas tenho que mudar para a próxima por ainda não estar preparada para ouvi-la novamente. 

Meu pai era um grande ouvidor de boa música que não está mais por aqui. Ele que me ensinou o gosto musical que preservo. Como já se passaram treze anos de sua partida, hoje já consigo ouvir todas as canções que aprendi a amar com ele. Só às vezes que o dia tá triste ou muito saudoso, daí não consigo. 

Tenho comigo que, na vida que existe após a morte, ele estará me esperando quando chegar a minha vez e a hora que eu o ver, vai tocar uma puta de uma música para embalar o nosso interminável abraço de saudade. E assim será com todos os que já partiram antes de nós. Com a minha querida vó Lucy, talvez toque Ray Conniff. Ela adorava...

Essa é a função da música. E como é importante. Acho um desrespeito algumas coisas que chamam de canção hoje em dia, mas isso não é assunto que caiba nesse texto.

Música é uma arte, uma belezura que talvez tenha sido inspiração de algum Deus maior que habita por aí e quis presentear a Terra. Vamos respeitá-la assim como as lembranças que cada uma nos traz. Música faz parte da "Sétima Arte", compondo o primeiro lugar da lista do tal manifesto.

E para os amores perdidos: "me traia com o seu sexo, mas não com a nossa música." (Musicoteca)

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