Sábado. Estávamos aqui em família relembrando os bons momentos do
passado, principalmente aqueles em que na hora que acontecem são terríveis, mas
depois são as histórias mais engraçadas de se contar para alguém.
Lembramos do episódio da discussão dos meus pais no hospital quando decidiam quem iria empurrar a cadeira de rodas enquanto minha irmã sofria as contrações do parto e olhava para a enfermeira com suplicante olhar "por favor, me salve"! Ela entendeu o recado dizendo: "pais, quem leva a cadeira sou eu" Isso fez minha mãe mandar meu pai para "aquele lugar enquanto ele brincava com a filha: "olha, fique calma, igual a sua mãe".
Do barulho que a batata Ruffles fazia no corredor do hospital vazio de madrugada, contradizendo a famosa foto da enfermeira fazendo "shiu" pendurada na parede. Lembramos das viagens para Barra do Una no litoral norte. Naquela época casava-se cedo.
Era uma molecada de 20 e poucos anos, cada casal com dois filhos pelo menos. Juntavam-se numa casa alugada por todos, dividiam as despesas do churrasco e da cerveja (muita cerveja) e até chegar a hora da viagem, ninguém sossegava. Os telefones não paravam. Os carros todos velhos, quinhentas pessoas dentro de cada um e sem #partir, todo mundo partia, mas partia de verdade, sem celular.
A discussão muda para os tempos de hoje, ou moderno. Somos livres. Todos concordam. Nem os pais seguram mais os filhos em casa. Cada um faz, lê, sai em busca do que quer. Aí é que tá. Com tanta "liberdade", a impressão é que perdemos o rumo.
Há tantas opções de escolha que não sabemos mais o que escolher. Sempre achamos que há algo melhor. Às vezes estamos exatamente onde queríamos estar, mas com tantas coisas acontecendo, ninguém mais parece querer parar. Torna-se uma busca eterna, pelo que?
Procuramos um sentido em tudo, mas o que se demora a perceber é que se o que se está vivendo não for real, não haverá sentido nunca. As dúvidas crescem, mas ninguém se questiona mais, como se hoje em dia perguntar fosse pecado.
As conclusões acabam se precipitando e tudo se perde em meio a tantos caminhos. Caminhamos e chegamos a lugar nenhum. Nunca tive a pretensão de conhecer vários lugares e ser uma pessoa viajada. Admiro quem faz isso, mas não é comigo não.
Óbvio, conheceria com prazer novos países, novas culturas, mas voltaria para casa o quanto antes porque para mim pelo menos, a companhia de quem eu amo vale muito mais do que ficar perambulando em lugares cheios de gente, mas vazios.
Coloco-me no texto aqui. A impressão que dá é que meus pais ou os cinquentões de agora, aproveitaram mais a vida. Ou aproveitaram o que realmente faz sentido, sei lá. Não é uma comparação, até porque os tempos mudaram mesmo, é apenas um questionamento.
A simplicidade era valorizada, complicava-se menos. Não que seja errada a ambição dos tempos atuais, mas parece que isso cresceu mais do que devia. Vejo muitos desencontros e alguns deles acontecendo cedo demais. Observo a quantidade de pessoas que continuam casadas da época dos meus pais e a quantidade de casais atuais que se separam poucos anos depois de casar. Novos tempos?
Falta tolerância, valoriza-se o que há de ruim, as diferenças. "A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que separa e não o que os une."
A liberdade talvez tenha se tornado perigosa nas mãos de quem não sabe onde se segurar.
Lembramos do episódio da discussão dos meus pais no hospital quando decidiam quem iria empurrar a cadeira de rodas enquanto minha irmã sofria as contrações do parto e olhava para a enfermeira com suplicante olhar "por favor, me salve"! Ela entendeu o recado dizendo: "pais, quem leva a cadeira sou eu" Isso fez minha mãe mandar meu pai para "aquele lugar enquanto ele brincava com a filha: "olha, fique calma, igual a sua mãe".
Do barulho que a batata Ruffles fazia no corredor do hospital vazio de madrugada, contradizendo a famosa foto da enfermeira fazendo "shiu" pendurada na parede. Lembramos das viagens para Barra do Una no litoral norte. Naquela época casava-se cedo.
Era uma molecada de 20 e poucos anos, cada casal com dois filhos pelo menos. Juntavam-se numa casa alugada por todos, dividiam as despesas do churrasco e da cerveja (muita cerveja) e até chegar a hora da viagem, ninguém sossegava. Os telefones não paravam. Os carros todos velhos, quinhentas pessoas dentro de cada um e sem #partir, todo mundo partia, mas partia de verdade, sem celular.
A discussão muda para os tempos de hoje, ou moderno. Somos livres. Todos concordam. Nem os pais seguram mais os filhos em casa. Cada um faz, lê, sai em busca do que quer. Aí é que tá. Com tanta "liberdade", a impressão é que perdemos o rumo.
Há tantas opções de escolha que não sabemos mais o que escolher. Sempre achamos que há algo melhor. Às vezes estamos exatamente onde queríamos estar, mas com tantas coisas acontecendo, ninguém mais parece querer parar. Torna-se uma busca eterna, pelo que?
Procuramos um sentido em tudo, mas o que se demora a perceber é que se o que se está vivendo não for real, não haverá sentido nunca. As dúvidas crescem, mas ninguém se questiona mais, como se hoje em dia perguntar fosse pecado.
As conclusões acabam se precipitando e tudo se perde em meio a tantos caminhos. Caminhamos e chegamos a lugar nenhum. Nunca tive a pretensão de conhecer vários lugares e ser uma pessoa viajada. Admiro quem faz isso, mas não é comigo não.
Óbvio, conheceria com prazer novos países, novas culturas, mas voltaria para casa o quanto antes porque para mim pelo menos, a companhia de quem eu amo vale muito mais do que ficar perambulando em lugares cheios de gente, mas vazios.
Coloco-me no texto aqui. A impressão que dá é que meus pais ou os cinquentões de agora, aproveitaram mais a vida. Ou aproveitaram o que realmente faz sentido, sei lá. Não é uma comparação, até porque os tempos mudaram mesmo, é apenas um questionamento.
A simplicidade era valorizada, complicava-se menos. Não que seja errada a ambição dos tempos atuais, mas parece que isso cresceu mais do que devia. Vejo muitos desencontros e alguns deles acontecendo cedo demais. Observo a quantidade de pessoas que continuam casadas da época dos meus pais e a quantidade de casais atuais que se separam poucos anos depois de casar. Novos tempos?
Falta tolerância, valoriza-se o que há de ruim, as diferenças. "A força da alienação vem dessa fragilidade dos indivíduos que apenas conseguem identificar o que separa e não o que os une."
A liberdade talvez tenha se tornado perigosa nas mãos de quem não sabe onde se segurar.
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