quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ira

A Ira é uma aberração. Um instinto, exagero daquilo que é próprio do ser humano. Defesa, proteção, ataque. Seja contrariado e a sinta chegando, tomando espaço em seu corpo, seu interior, sua mente, suas mãos. O ódio que vem com ela é considerado um obstáculo para o crescimento espiritual... Que se dane a alma nesse momento de dor, raiva, vontade de castigar você! Eu quero mesmo é o descontrole para sair do controle que você exerce sobre mim. A culpa é sua por ser tudo tão cinza, por me fazer ver as cores lindas da ilusão e sentir a dor de sentir a Ira aqui dentro de mim. Ela corrói. Se me é permitido comparar, pense em um ácido. Aquele capaz de corroer as vigas de aço da melhor base que você havia conseguido construir. Por minutos, ela queima. Tem dias que está ausente, mas quando volta, compensa os dias em que se fez silêncio. Esse ataque é contra você, mas quem morre sou eu. Matei-te tantas vezes. E você ainda não morreu, mas vai morrer, ah se vai... Ou não me chamo Ira! Faço parte dos sete pecados. Pe-ca-do, ouviu? Sabe o perigo que ofereço? Eu traço novos caminhos, geralmente são sem volta. Eu sou um monstro. Enferrujo por dentro. Sei fazer silêncio. Apareço quando menos se espera e ai daquele que me dá espaço. Eu gosto é do estrago. Gosto da dor, do arrependimento, da falta de vigilância, do impulso. Eu só ganho espaço. Nasço nas entranhas. Tudo que é profundo vêm com mais força. Eu gosto assim. Mudo as temperaturas. Causo o gelo e o fervor do seu sangue. Eu tenho poder. Meu sobrenome é descontrole, o terceiro, desequilíbrio. Olhe ali e me diga. O que vê? Um lindo dia não? Olhe agora, novamente, eu estou ao seu lado. Gargalhadas saem de mim. Desculpe, não consigo controlar. Dia feio, não? Deixa eu me recompor. Pronto. Quem manda aqui sou eu! Tomei conta de você, percebe como eu é quem escreve agora? Ora, não me venha com racionalidades. O espaço é pequeno por aqui. Por isso, explodo. Para sair tudo que carrego e assim criar espaço para novas desilusões. O engraçado é que as vejo de longe. Sei exatamente para onde te guiar. Não tenho amor, mas sou parente dele. Os bons sentimentos são belas portas que gosto de entrar. Não vigie seu silêncio, suas palavras, seus pensamentos, suas atitudes e elas se abrem ainda mais. Aconteço em um instante. Cuidado com eles. Momentos são perigosos quando se trata de uma vida. Eu ganhei. Mas o jogo não acabou. Ainda resta tempo para nós. Respire.

Nenhum comentário:

Postar um comentário