segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Tim

São 2h27 da madrugada. No Telecine Pipoca está passando Tim Maia. Muitos festivais, pubs, shows de rock, sucesso. Mas antes, muita porta na cara e humilhação. Numa noite, antes que qualquer público soubesse quem era Tim, ele ficou doidão de um ácido qualquer, deitou na mureta de uma Marina por aí e caiu no mar. Saiu da água amolado pelos amigos, andou arrastado e sozinho até o quartinho onde morava, abriu a porta, pegou uma caneta, um papel e escreveu:

"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir
Tenho muito pra contar, dizer que aprendi
E na vida a gente tem que entender
Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri"

Gravou, estourou e ficou sei lá quantas semanas seguidas em primeiro lugar nos hits parades da vida. Quando perdeu a mulher, seu amor, compôs:

"Ela partiu
Partiu e nunca mais voltou
Ela sumiu, sumiu e nunca mais voltou
Se souberem onde ela está
Digam-me e vou lá buscá-la"

Deve ser esta a diferença dos gênios. Quando sofrem, produzem. Quanto aos humanos, bebemos cerveja, choramos, comemos um Doritos.

"Até queria ter um pouquinho do seu talento, uma lasquinha dele porquê com certeza eu não estaria nesta merda que você tá. O seu maior problema é você mesmo, Tim. O caminhão que te atropelou tem teu nome, lembra?", disse um amigo ao encerrar a parceria de anos. Já este deve ser o lado em comum entre meros mortais e a genialidade: o nosso maior inimigo é sempre a gente mesmo.

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