domingo, 5 de abril de 2015

Aos mestres com carinho

Dois meses se passaram do fim da faculdade. Acabaram-se as pencas de estágios e sobrou um deserto chamado mercado de trabalho. Desde que me vi formada, uma coisa me preocupa: a falta de inspiração para escrever. Creio que em meu humilde blog, tenho uns seis textos parados que não consigo terminar. As ideias estão confusas, o vocabulário está pobre. Tenho comigo que este bloqueio ocorre devido a fase de rede vazia. Mantenho a esperança que quando conseguir achar meu caminho nesta estimada área e voltar a conviver com pessoas que de fato me sintonizo, as palavras fluirão novamente. 

Sinto falta do ambiente da faculdade. Era onde eu mais gostava de estar porque ali encontrava cabeças pensantes e principalmente falantes. O silêncio não tem muita vez dentro de uma sala de aula. Ainda bem. Ali não é lugar para ele. Notei que escrevia muito mais no período universitário . Tinha dias de aulas tão sensacionais que a cabeça saía fervilhando e escrever era o único modo de desabafar e conseguir dormir. Percebi que depois das aulas passei a opinar usando argumentos tão sólidos, que algumas pessoas demonstravam até um certo receio em retrucar. Penso que se minha opinião causava isto, é porque alguma verdade ela tinha ou no mínimo fazia repensar. Mal sabiam elas que eu falava tão cheia de propriedade porque estava apenas imitando os meus professores. 

E não deixei de ler para que a inspiração fosse embora, pelo contrário. Leio os jornais, confesso que mais via internet, mas leio. O problema é que quase sempre termino a leitura com uma sensação de que falta algo. Isto não acontecia em sala de aula, principalmente com alguns professores que elevei à categoria de Mestre. Mestres porque sabiam do que estavam falando. Tinham argumentos tão bons que faziam os alunos se olharem, dizendo: "que foda"! É como se o meu verdadeiro jornal fosse a sala de aula. Ali as informações eram completas, contextualizadas, profundas de fato. Sinto falta desse meu jornal diário. Da maneira como eram passadas as notícias. De ver esta arte sendo manuseada pelas mãos de quem sabe. A lição agora é aprender a me virar sem eles (vocês). 

Sendo assim, o que posso concluir é: professores, vocês conseguiram ensinar a essência do jornalismo. Não sei o que vou enfrentar daqui pra frente e me assusta achar que não vejo na imprensa atual, o jornalismo que aprendi em aula, mas posso afirmar com uma certeza de alma que eu saí da faculdade sabendo o que é ser jornalista. Espero saber cumprir tão bem esta função.

Agradeço a todos os professores da forma mais simples, mas talvez mais sublime de se agradecer a alguém, principalmente aos jornalistas: com palavras. Sei que vocês recebem homenagens todo ano dos alunos gratos. Talvez já estejam até cansados disso tudo. Mereciam muito mais, mereciam uma remuneração tão bela quanto o trabalho de vocês. Mas, quem sabe estes dizeres de uma aluna agradecida e mudada, alimentem suas almas com aquela boa sensação de dever cumprido. De saber que estão conseguindo abrir o campo de visão de quem passa pela sala de aula de vocês. Imagino que deve ser isto o que de fato um professor almeja. 

Existem pessoas que tem medo de elogiar. Pregam que o elogio alimenta o ego e envaidece o ser admirado. Sempre achei isso uma bobeira. A vida é muito curta para guardar dentro da boca palavras que dão ânimo à peleja do trabalhador. Assim como o dinheiro nos bonifica pelo trabalho, elogios sinceros e no tempo certo, bonificam a essência. É um tônico que empurra para a próxima.

Um dos meus maiores medos sempre foi que a morte levasse aqueles que abrilhantam minha vida sem que eles soubessem o quanto eram luz. Saibam então, queridos mestres, o quanto vocês me iluminaram!

Encerro lembrando que a nossa função mais difícil talvez não seja escrever, mas nunca perder a capacidade de se indignar, de ir atrás, de querer mostrar uma outra visão. E como estes dias vi no Facebook que: "ser jornalista é querer salvar o mundo mesmo sabendo que esta merda não tem mais jeito, não!" Que a gente prometa ser este o nosso exercício diário. 

E que guardemos cravados no nosso coração uma das lições que considero de enorme valia, aprendida em Teoria da Comunicação: que mesmo quando parecer que o mundo está caminhando para o caos, se houver um apagão e toda tecnologia que temos hoje perder o seu valor, nós sempre teremos um ao outro se mantivermos as palavras. 

Um salve à arte da comunicação! Obrigada!

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