domingo, 7 de dezembro de 2014

Sobre o vento...

A cortina não está em seu lugar. 
Esvoaçante pela sala, parece dançar com um companheiro invisível.
De repente se aquieta e volta a se alinhar à parede. Estática. 
Passaria despercebida se não fosse o vento tira-la para dançar. 
Lá no mar, como deve estar? Ondas de três metros já devem ter chego à costa. 
O vento acorda o mar. Me imagino lá agora... 
Na janela, passa pela fresta e assobia. Um barulho de medo, mas bom. 
Balança os fios do cabelo, refresca os pés sem meia em cima do encosto do sofá. 
Eu olho para ele sem ver. Acho que ele me vê e acaricia-me o rosto. Sabe que estou ali apenas para senti-lo. 
O aroma é indescritível. Queria um perfume de vento. 
Um cheiro misterioso como a escuridão da noite.Diferente do aroma do vento que sopra quando é dia. 
Um cheiro que traz as coisas que só acontecem na madrugada. 
De todas as estrelas que caem do céu e poucos veem. Dos espetáculos noturnos sem plateia. 
"Coisas belas não pedem por atenção". 
O sono ainda se faz necessário. 
Seja o vento, talvez, as notas musicais do silêncio. 
Uma música tocada sem maestro conhecido. 
O vento que navega o veleiro. 
Que afasta o balão. 
Segura a sacola vazia no ar. 
Sabe fazer sinfonia com as folhas das árvores. 
Põe o poder dos seres humanos para dentro de casa. 
Deixa a rua deserta. 
Se faz majestoso e reina. 
Pela casa, além da sua ilustre presença, trouxe com ele o cheiro da brisa do mar...

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