sábado, 22 de novembro de 2014

Zona de conforto

Saia da zona de conforto. Maravilhas acontecem. A vida será vivida. Viagens, músicas e novas pessoas, bicicleta na estrada com mochila ou no meio do trânsito caótico: a felicidade. Feliz porque saiu da caixinha. Anúncios da rede social. Anúncios do YouTube. Google.

Tudo é maravilhoso na vida pós zona de conforto. Assim como tudo tem que ser lindo nas propagandas, essa é mais uma em que tudo obrigatoriamente corre bem. Seria este um novo nicho de mercado? Mexer com a emoção dos sonhadores? No fundo dá dinheiro...

Prega-se nesse roteiro uma certeza. Aí está a pegadinha ou a falta do lembrete que só as pessoas "chatas" dão. Esquecem-se de avisar-te sobre a coragem, a paciência, os dias de trabalho incessante, os dias de sono sem descanso, os feriados em casa sem dinheiro, a angústia por não saber se todo o sacrifício feito ao sair de um caminho e começar em outro valerá a pena.

Seria tudo apenas mais um truque da publicidade com vídeo e trilha sonora bem editados (daqueles que arrepiam) da maior influenciadora do comportamento moderno: a internet? Não ela em si, mas a visão que ela permite ter. Afinal as plataformas são novas, mas as bases que regem a sociedade ainda são antigas e muito bem consolidadas. Eis o grande conflito atual.

O mundo é tudo isso sim, mas o ser humano é apenas humano. Por isso que dói. Ver onde se pode chegar mas perceber que a gente depende de nós. As mensagens mais sábias já existiam - como que premonição- muito antes de toda esta modernidade:

"O maior inimigo do homem é o homem."                    Robert Burton
"O maior inimigo da criatividade é o bom senso ... "    Pablo Picasso    

O maior inimigo do homem é ter na cabeça ideias gigantes que não cabem no tamanho do mundo, não pelo espaço físico, mas pelo espaço que damos a tudo que é difícil. A cegueira que nos invade quando a mágica da ideia quer sair da cabeça, mas nota-se que precisará das coisas materiais que ela não possui e mesmo assim ela continua em você e tão profundamente, até achar uma maneira de conseguir ser realizada.        Respiro.

Me lembro disto: "- Condenado a ser feliz - É uma frase que eu li há algum tempo que diz que às vezes a gente tá condenado a ser feliz. E eu gosto bastante dessa frase, eu acho que ela explica muita coisa.

Quando eu resolvo tocar piano com 18 anos, que eu quero estudar, eu fui buscar professores de música erudita, de piano clássico e claro eles não quiseram me dar aula porque eu já estava muito velho pra começar a estudar. Então eu acabei estudando sozinho. E nesse sentido eu senti que era quase uma condenação porque pra mim ainda era uma pergunta: será que eu vou realmente tocar piano, será que eu vou saber tocar piano?

E eu percebi que se eu não tocasse eu me sentiria muito triste. Então, pouco a pouco eu fui percebendo que era isso né, quer dizer... que às vezes a própria vida te apresenta o desafio e você não tem escolha senão encarar este desafio."

Um pensamento que o grande Músico (sim, em caixa alta) Benjamim Taubkin dividiu conosco. Mudou você? Porque mudou a mim. Me encanta o poder de dividir opiniões, mudar pontos de vista. Antes disso, nunca tinha parado para pensar nas inquisições que a vida faz: -Você está julgado a ser feliz, mesmo que antes seja muito triste.
                                          
Será que eu vou conseguir fazer o que me propus? Este seria o desafio que a vida me ofereceu com a paixão que tenho pelo Jornalismo? O arrepio que nasce na alma ao ver as histórias se desenhando em palavras no papel? Ou em imagens que nos ajudam a ver com a visão que o nosso próximo tem da vida... Será que eu vou conseguir colocar em prática o que nasce na minha cabeça? Será que tem neste momento mais gente pensando se conseguirá ser?

Sigamos na dúvida até quando assim for permitido. Só que eu cansei da dúvida. Será este um bom sinal? Dúvida de  novo...

Assista: https://www.youtube.com/watch?v=bAa2v91TLgw#t=86